sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Homenagem a 13 De Janeiro

Recordar 13 de Janeiro é evocar a sistemática política da democracia, da liberdade de expressão, dos direitos, liberdades e garantias para todos os Cabo-verdianos. É assumir a circulação como contraponto do evasionismo, diasporicidade e emigração, cujos limites políticos e processos históricos conheceram o seu primeiro ponto de ruptura a 5 de Julho de 1975, tendo essa mesma ruptura conhecido uma nova etapa e um ponto de viragem a 13 de Janeiro de 1991, dia em que foi produzido novas oportunidades - outra curva de possibilidades - fazendo com que os Cabo-verdianos que residissem nessa altura no exterior pudessem circular e regressar livremente a Cabo Verde e deixassem de ser considerados estrangeiros do seu próprio pais.

Tanto a 5 de Julho, como a 13 de Janeiro, os Cabo-verdianos disseram e confirmaram com a sua participação cívica, que é possível acreditar num Cabo Verde não só independente, mais num Cabo Verde de liberdade e de democracia; Num Cabo Verde, onde exista justiça social, disposto a renegerar-se, que convida todos os seus cidadãos a se convergirem na defesa dos superiores valores e interesses intrínsecos da nação no pais e nos 25 Estados que acolhem a nossa emigração.

Em termos histórico, 13 de Janeiro de 1991 ombreia com 5 de Julho de 1975, dia da independência de Cabo Verde: as duas datas têm uma dimensão histórica complementar em relação ao processo de emancipação politica de Cabo Verde. A 5 de Julho de 1975 o povo cabo-verdiano foi colocado perante a sistemática da independência e da libertação do jugo colonial. No dia 13 de Janeiro de 1991, sem negar a dialéctica e a sistematica da independência, foi reafirmada a sistemática de democracia representativa, e o povo - esse- acrescentou à cultura cabo-verdiana a sistemática da liberdade, contra o jugo do monólogo do partido único. O que fica do ponto de visto histórico, é que os Cabo-verdianos conseguiram demonstrar engenho e capacidade de enfrentar e vencer a sistemática do colonialismo; de enfrentarem e vencerem a sistemática de partido único; de não se acomodarem e de protestarem com o seu voto quando descontentes; de incorporararem e rejeitarem formas de dissidências orgânicas e inorgânicas quando disso se tratar; De afirmarem no plano global como um povo trabalhador, culturalmente forte e sedutor; de assumirem hoje a construção da sistemática do desenvolvimento e do crescimento económico acelerado.

Este tempo de 13 de Janeiro e do novo ano de 2008, é um tempo para reflexão. Ideal para levarmos o país a voltar a sonhar e a alargar a perspectiva e visão que os Cabo-verdianos devem ter da sua própria terra. No fundo alargar o sentimento de pertença que, devendo estar alinhado com processo da globalização, defenda e substitua a estratégia da evasão e da diasporicidade pela estratégia de circulação, combata a perca de valores, desencoraja as dissidências, cultivando o amor patriótico, num Cabo Verde que deve apostar na igualdade de acesso às oportunidades económicas; num Cabo Verde exigente, que nao se acomoda, que recusa ser país dos mínimos e em paz com o seu povo, onde todos os seus cidadãos sejam vencedores e ninguém é descriminado ou vencido à nascença ou forçado a emigrar, como no passado, podendo todos sairem do pais e regressarem com toda liberdade e sem quaisquer espécies de limites e de constrangimentos.

13 de Janeiro de 2008 é de facto um dia especial. Pode ser considerado ponto de viragem politica do país. Enquadra, em certa medida, esse novo paradigma e esse desejo nacional de mudança, reafirmando o princípio geral de que o povo de Cabo Verde pode e tem o direito de ousar sonhar, sonhar e vencer, apesar das incertezas: somos, hoje, país de desenvolvimento médio; somos parceiro especial da União Europeia; somos um país que busca uma cada vez melhor integração na sua sub-região, nos Palop´s e CPLP e a nível do Continente africano, perante um acervo de exigências de desenvolvimento internos que ainda nos interpelam de forma categórica, tais como a diminuição do desemprego; o crescimento acelerado da nossa economia; as grandes ameaças de Cabo Verde; a identificação de novas fontes de financiamento económico; a diminuição da pobreza absoluta e relativa.

5 de Julho e 13 de Janeiro permitiram que a nação cabo-verdiana entrasse, hoje, em 2008 e comemorasse este 13 de Janeiro com um regenerando sentimento de vitorias, mas, pode dizer-se, sem a necessária consciência de soluções perante os seus principais desafios e incertezas, sendo que tais desafios deveriam conferir-nos mais responsabilidade, mais confiança individual e colectiva, permitindo a identificação e caracterização das principais ameaças estratégicas que nos possam estar a espreitar, os seus pontos fortes e fracos dessa mesma ameaça, para que fazendo com que o processo de desenvolvimento seja verdadeiramente sustentado e irreversível, corrigindo o posicionamento que o pais tem vindo a ter em relação ao fenómeno da diasporicidade dos Cabo-verdianos, abraçando o fenómeno da circulação, aprofundando a democracia representativa e fazendo com os Cabo-verdianos assumam a ideologia da independência, a autoconfiança, a democracia, o debate democrático e a liberdade de expressão, enquanto causas sagradas inseridas no bojo da expressão desse novo ponto de viragem para Cabo Verde.

Miguel Cruz Sousa

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