O momento é de felicidade geral: “a mi nta chinti feliz di ter
nascid cabo-verdianu"., cantava Lúcio Antunes na TCV. A seleção de todos nós chegou, viu e venceu a
seleção da Tunísia. Uma das seleções mais prestigiadas do continente africano.
Que lição o país pode/deve tirar desta façanha da nossa seleção de futebol? 1º)
A primeira lição é a de felicidade geral, que vale a pena ariscar sempre e que a
força reside na unidade - a unidade faz a força - e que a pequenez do nosso
país não é cartão-de-visita, mas antes as grandezas que podemos fazer com estas
10 ilhas que gentilmente a providencia divina nos disponibilzou; Que a
solidariedade, a entreajuda e o “adjunta -mon” construído por Lúcio
Antunes e sua equipa é a principal “arma e segredo” da seleção; 2º) Que essa
mesma unidade quando colocada num nível elevado de liderança de grupo de
trabalho, mitiga a “tensão individualista” que convive com cada
um de nós cabo-verdianos, conquanto parte do gene da nossa “tripla complexidade” (de que falam os mais cientes) podendo ser reduzido à inexpressão, quando em
presença de desafios que exijam esforços de todos, como é o caso; 3º) Que o
país precisa ultrapassar a perversa tensão de “subdesenvolvimento” (a não
retransmissão do jogo da seleção pelas televisões nacionais é disso um exemplo
acabado), e assumir-se, definitivamente, a sua condição de país emergente, assumindo
os riscos que decorrem de uma maior exposição internacional, onde o desporto (o futebol) pode desempenhar um papel fundamental. A não assunção dessa realidade tem impedido o país de
dar um passo- em-frente, nesse e em vários outros domínios, à
luz dos esforços empreendidos nesse quase quatro décadas de independência
nacional. A prestação da nossa seleção sinaliza um novo tempo (nesse que poderá representar um salto qualitativo) - que o país pretende
dar, cuja natureza e conteúdo tardam em ser assumido, tanto pela sociedade cabo-verdiana
(no país e na diáspora) como e, sobretudo, por aqueles que detém a responsabilidade de
nos governar; 4º) Que não é possível aceitar a desculpa de que o jogo da
seleção não foi retransmitido por falta de verbas, pois esse jogo pelo seu alto
prestígio e valor comercial é, desde logo, portador de recursos – portanto à
partida financiável. Dizer que o jogo não foi retransmitido por falta de verba
(coisa dita também por ocasião do CAN e só ultrapassável pela genuína
intervenção do Presidente da República), não pode ser aceite como desculpas! - Chega dessas desculpas. A seleção nacional é património da nação. Os recursos para o financiamento da sua atividade podem ser inscritos no OGE, pois a presença da seleção nacional nos mais elevados palcos de competição futebolística mundial prestigia
o país e a nação, por isso há que considera-lo opção de politica (sempre que isso ocorra). À
FCF deveria trabalhar no sentido de assumir comercialmente para o mercado
nacional todos os jogos da seleção (tem de ter fundos para isso). Deter todos
os direitos e revende-los através de concurso público às estações de televisão
nacionais e internacionais que, para o efeito revende esses mesmos direitos às empresas,
no mercado interno ou internacional e com isso mobilizar recursos financeiros. É legítimo exigir-se que o governo assuma
as seleções nacionais (a de futebol e todas as outras nos domínios desportivos) como uma das melhores “armas” da República e elemento
da competitividade externa do país. Empresas
nacionais que ocupam os centros vitais de interesse do país (a banca, as
telecom’s, os hotéis, as seguradoras, as petrolíferas, as energéticas, as
transportadores nacionais marítimas de áreas, as universidades, de entre
outras) têm de ser levadas, pelo governo, a assumir, nesse domínio, suas
responsabilidades sociais e se fôr o caso leva-las a tomar parte na
constituição de um fundo público/privado para o financiamento do desporto
nacional. A ideia parece boa, pois um Fundo de Financiamento Publico/Privado para
apoio do desporto nacional poderá eventualmente ser a solução, pois na arena
das grandes competições mundiais, não há espaço para a mediocridade de espirito e/ou para a projeção dessa mentalidade
assistencialista e rentista que ainda perpassam o nosso país e que nos impede
de dar o passo seguinte. Quando se pretende competir, a palavra mágica é
competir mesmo… ser eficaz, competir à sério e ganhar – pois dos que mais se
falam nessas competições são dos que ganham e o nosso país precisa de gente que
ganha, gente com garra, que se preocupa com o sucesso. Esta seria a nova atitude,
uma atitude bem capitalista (porque envolve capital, o risco e capital humano) e nós em
Cabo Verde precisamos incutir nas pessoas, sobretudo nos jovens, a mentalidade
competitiva capitalista e o futebol pode produzir bons argumentos. A seleção nacional tem vindo a mostrar-nos o melhor caminho! Viva os nossos jogadores; Viva seleção nacional; Viva Lúcio Antunes e
sua equipa; Viva o presidente Mário Semedo; Viva a Federação Nacional de Futebol e Viva Cabo Verde.
Sem comentários:
Enviar um comentário