quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Crónica curta sobre o mar de Cabo Verde

Esta é uma crónica curta sobre o mar, para o descanso do nosso espírito, que pretende suscitar caminhos. Simplesmente o mar ainda sem quaisquer etiquetas. O mar de Cabo Verde, nosso encanto, cantado por todos os grandes poetas do país deve ser visto e constituir-se nosso recurso estratégico. Haja ou não recursos energéticos nas suas profundidades, a verdade é que o mar é agua. É energia das ondas é tudo o que podemos imaginar. O mar é também nossa útopia: a cultura do mar precisa-se. Cabo Verde continua sendo um país especial, porque, também, banhado por mar, pequeno, profundamente desigual e diasporizado, que pertence ao grupo de territórios insulares situado no grande corredor do atlântico, (atlântico médio), na linha do que são as ilhas britânicas. Cabo Verde tem vindo a mudar e ao longo dos trinta e cincos anos quase que se fez «milagre» no desenvolvimento social, humano e económico do país, tendo sido multiplicado o seu PIB desde 1975 (altura da independencia nacional) em mais de 10 vezes. Por isso, acho que deveríamos iniciar o debate sobre a temática do mar, esse mar imenso que nos rodeia.

A sociedade cabo-verdiana deveria ser, também, projectada a partir da sua dimensão marítima, por ser, naturalmente, uma sociedade de vocação marítima-explorando o mar, apesar de tudo, nós, os Cabo-verdianos, curiosamente, não gostamos do mar, não fomos e nem estamos a ser educado para o mar. Por isso, o governo, as camaras municipais e a sociedade civil deveriam passar a olhar para o mar de outra forma e com maior interesse. Fizeram-se poemas lindíssimos sobre o mar, mas o povo olha para o mar como uma imensidão vetusta e virgem, que ainda aponta para o caminho longe porque ainda não descobriu a forma de o explorar, pois o mar permitiu-nos partir, é verdade, mas permitiu-nos, também, voltar e agora e, especialmente, deve permitir-nos ficar.

Ainda, construímos as nossas casas de costas voltadas para o mar, como, aliás, temos estado a viver, e instalamos o nosso quintal, exactamente, encima do mar, para que lá vazemos os nossos detritos, os nossos lixos, e para lá fazermos aquilo que é conhecida por guerra cultural contra o mar, quando deveríamos, desde o ensino básico, ensinar o “mar” às nossas crianças e ter conteúdos escolares que desenvolvam temáticas sobre o mar. O nosso mar está aí, com uma superfície igual ou superior a 850 mil km2. Esse nosso mar, como se dizia em tempos numa publicidade: merece mais e merece muito mais.

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