sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

A antítese das maiorias, as minorias

Olhando para a sociedade cabo-verdiana, vemos de entre seus vários aspectos de vivência colectiva, um tipo de razão muito estranha e antagónica à razão das maiorias culturais, reproduzidas pelos Povos. Uma sociedade dividida e altamente segmentada, quanto mais não seja por ilhas, e pela dimensão local da cultura de cada uma das ilhas, mas que, por isso mesmo, desenvolveu no seu seio a "pequena sociedade" - as minorias, que se situam, muitas vezes, nas antípodas das maiorias, onde, aí sim, coexistam o poder que resulta do equilíbrio dos pequenos grupos: as minorias, económicas, sociais, politicas e culturais. Na verdade, na sociedade cabo-verdiana, tais minorias parecem com tendencia para se consolidar e para apoderar-se de forma ilegítima das riquezas do País, conspurcando espaços económicos, desenvolvendo expedientes sofesticados e especulando com coisas dos outros, enganando o próprio Estado, ao obriga-lo a expropriar os pequenos proprietários, fingindo que nos seus terrenos podem vir a ser desenvolvidos infra-estruturas privadas, mas de interesse para o desenvolvimento do país, enganando-os, para depois ceder, sem quaisquer custos a uma minoria, as vezes aliada a interesses estrangeiro e contra o próprio país, finge essa minoria ser empresário, mas com capital social de todos nós e por via da alienação de grande parcelas de recursos publicos, matando a capacidade de transacção económica entre privados. Tais estórias vão sendo uma farsa pelo País! Esses pequenos grupos que em todo lado, em Cabo Verde, se posicionam e procuram vantagens relativas em relação a outros grupos, não importando os meios para que atinjam os fins desejados, são minorias absurdas, que resultam das minorias antagónicas à partir das próprias maiorias reproduzidas pelo povo, viciando suas consciências e ferindo o princípio da liberdade, unidade e coesão nacionais, excluindo comunidades inteiras. As minorias urbanizadas, ao mesmo tempo desorgânicas e periféricas, negativamente fracturantes e em ascensão pelo País, podem transformar o País numa espécie de santuario das minorias, que à medida que vão ganhando consciência das limitações do próprio Estado, podem ocupar espaços reservados ao Estado e aí ameaçarem ao equilíbro democractico e a consolidação da própria unidade nacional. Essas minorias constituidas essencialemente por oportunistas comem as lideranças, por mais sólidas que elas sejam! Pois que as corrompem, por isso precisam ser combatidas, pois são ameças para a estabilidade politica de Cabo Verde! As minorias inorgânicas e inorganizadas, redundantes, mas que detém poder económico. Minorias que não se coíbam em se organizar por facções culturais, onde nem quem é Governo se previna para poder ser governo de todos e para todos; Nem quem é Presidente da República se previna para poder ser presidente de todos e para todos; Nem aqueles que são Juízes e Magistrados em Tribunais se previnam para poderem ser de todos para todos; Dos que estão na Assembleia Nacional como deputados se previnam sendo de todos e para todos, mas que, de contrário, se galvanizam com o pequenino, com o homo descriminado, com a pobreza dos outros, desperdiçando muito tempo a fingir que têm visão, quando na prática tentam reproduzir esquemas, imitar o estranho, copiando mal, hábitos importados dos outros. E nem o Estado se escapa da lógica dessas minorias, ao pensar que, o que faz ou promete fazer numa ilha não é de conhecimento de outra ilha, pois que sabe à partida, que a Comunicação Social não exista para todos. Uma sociedade culturalmente dividida, que procurando coesão social, busca coesão económica, politica e cultural, por via de fracturas sociais e através de esforços desconjuntados que não fazem soma positiva. Uma sociedade dependente do Estado tutelador que, por isso mesmo, come a livre expressão da opinião pública. Uma sociedade profundamente dependente do Estado: uma sociedade onde a sua elite tem uma precária noção de liberdade e ela própria se manifesta dependente da "superstrutura" do Estado e acusa o povo de ser dependente, quando disso tem responsabilidades directas! Uma sociedade onde o povo vive o silencio! Não reclama! Como não reclamou no passado, pois que a sua elite circunscreve-se a si mesma e vive exibindo-se através de posições administradas que consegue no aparelho do Estado, tolhendo a própria liberdade porque só pensa em si e em mais ninguém, pois que lhe faltam projectos. Esse é o nosso drama. O drama das nossas minorias, o drama de nós próprios e de cada um em particular. O drama de um povo que vive tranquilamente em silêncio.

Miguel Sousa, Dez-06

Sem comentários: