Escrever sobre algo implica antes pensar, conhecer e
compreender - esse algo. Num processo de escrita, cada
letra assume uma função. Cada palavra, um pensamento e cada frase uma ideia.
É a arte da escrita. Escrever significa registar algo de forma gráfica, em
signos e sinais compreensíveis pelos outros a quem nos dirigimos,
preferencialmente dizendo coisas que possam ser lidos pelos outros. Escrevo,
pois, para mim e para que eu possa expor ideias. Explicar as coisas e exprimir pensamentos, podendo ser
políticos. No fundo para exprimir a
minha liberdade, através da liberdade de
escrita. Para expor as minhas perceções
sobre a realidade, sobre este ou aquele tema. Sobre a terceira república, por
exemplo. Escrevo para registar as minhas
perceções, sublinho. Escrevo para treinar
a escrita e deixar um “pedaço” do meu
pensamento, num texto alinhado, em qualquer língua, que conheça e domine, em
forma de prosa ou até em forma de poema (se
o poeta me deixar), claro, numa folha de papel, num disco de um computador,
numa pendrive ou em cada letra impressa, a partir de uma máquina de
dactilograr. Escrevo para dizer sim e para dizer não. Escrevo simplesmente para
negar o meu silencio e expor a minha resiliência. E escrevo, como em tudo na vida, e até para não dizer nada. Escrevo em português, por exemplo, ou em outras
tantas línguas, que mal conheço, mas que oiço falar, por este mundo fora, mas
que mal compreendo ainda que registado, em forma de escrita, mas que exista,
porque falado, ainda que por um punhado de comunidades. A escrita impõe: em
primeiro lugar, a existência. Depois o pensamento.
Depois a linguagem. Depois a mensagem e depois a compreensão. Implica utilização de sinais e símbolos. Tão
simples quanto isto: mas importa saber escrever. Escrevo para exprimir ideias.
Para exprimir pensamentos, sublinho, com toda liberdade. Não existe escrita sem
ideias e não se é livre se não se sabe escrever. Uma faculdade que só a nós, seres
humanos, a providência quis dispensar. Logo podemos pensar. Logo podemos
escrever. “Logo podemos existir” Até
pela ordem das coisas, porque podemos ter ideias, porque dominamos o mundo – ou
pretendemos faze-lo como sugere a dialética de Hegel com a sua teoria de
contrários, a tese, a antítese e a
síntese. Da vida e a morte. Da noite
e o dia. Do par e do ímpar. D preto e do branco. Do forte e do fraco. Da luz e da escuridão. Do saber e da ignorância.
Existem muitas formas de exprimir antagonismos, sendo que em quaisquer da formas, expressas - em grafias, em formato de letras que é “uma conjugação de tecnologia de comunicação, historicamente criada e desenvolvida pelas
sociedades humanas. “As vezes, apetece escrever sobre o nada – esse nada do
filósofo - esse nada que escrutina o sábio - e que explica a existência e que
nos diz se existimos ou se não. Escrever sobre “algo” – o algo do desconhecido.
O nada - esse nada que só sábio consegue desvendar, mas que, ao procurar a existência,
traz luz quando procurado e que só a escrita pode descobrir.