(in expressodasilhas.sapo.cv), pela pertinencia e sentido de oportunidade jornalistica
Nas cinco eleições autárquicas que já se realizaram em Cabo Verde tem sido recorrente a disputa das 22 câmaras municipais pelos dois maiores partidos políticos do país, em que apenas uma vez venceu um "independente", mas apoiado pela oposição.
Cabo Verde/Autárquicas: Bipartidarização deixa independentes sem hipóteses
Nas cinco eleições autárquicas que já se realizaram em Cabo Verde tem sido recorrente a disputa das 22 câmaras municipais pelos dois maiores partidos políticos do país, em que apenas uma vez venceu um "independente", mas apoiado pela oposição.
Exemplo do poder local em África, Cabo Verde abriu ao pluralismo político em
1991, ano em que realizou a "primeira série" da tripla votação - Presidenciais,
Legislativas e Autárquicas. Desde então, os prazos de legislatura e de mandatos
são mantidos e respeitadas as datas das votações. Mas a bipartidarização da política em Cabo Verde tem inviabilizado a vitória
de independentes que, apesar de se apresentarem à votação, não obtêm resultados
por aí além, por, primeiro, não disporem de uma "máquina partidária" por trás e,
depois, por as próprias campanhas serem bastante caras. O único caso de "sucesso" de um independente ocorreu em 2008 na mais
"morabeza" ilha do arquipélago com Jorge Figueiredo a protagonizar o Grupo
Independente para a Mudança no Sal (GIMS) que, porém, contou com o apoio total
do Movimento para a Democracia (MpD), chefiado por Carlos Veiga.
O MpD, maior partido da oposição, conta com a maioria e os principais
municípios cabo-verdianos - 12 dos 22 - Cidade da Praia, São Vicente, Assomada
(Santiago) e Sal -, perdendo apenas a ilha do Fogo para o Partido Africano da
Independência de Cabo Verde (PAICV), que lidera as duas câmaras da ilha desde
1991. À aposta de Carlos Veiga nas deslocações pessoais às ilhas do Fogo e de Santo
Antão, para dar força às candidaturas apoiadas pelo partido a municípios onde
nunca venceu, o PAICV respondeu com o líder do partido, José Maria Neves,
primeiro-ministro desde 2001, com a estratégia de colocar altas individualidades
nos "novos bastiões" do MpD. O PAICV apostou forte na Assomada, de onde José Maria Neves é natural e foi
presidente da câmara durante a década de 1990, apresentando um "peso pesado" do
partido e do governo, José Maria Veiga, em São Vicente, com a deputada Filomena
Martins, antiga ministra, e no Tarrafal de Santiago, com o ex-deputado Arnaldo
Andrade, também antigo ministro e ex-embaixador em Lisboa, a tentar obter a
primeira vitória autárquica no concelho onde se situa o antigo Campo de
Concentração. Na capital, Ulisses Correia e Silva, MpD, arrebatou a câmara a Felisberto
Vieira (PAICV) e luta por mantê-la, tendo como base as vitórias eleitorais, no
concelho praiense, nas legislativas e presidenciais de 2011. Politicamente impossibilitado de se apresentar na corrida camarária, por
divergências com a liderança do PAICV, Felisberto Vieira tem apoiado Fernando
Moeda, um desconhecido da política local, embora sempre tenha estado ligado, de
uma ou de outra forma, ao partido. Em São Vicente, e depois da partida, por razões de saúde, de Isaura Gomes,
que venceu a câmara local em 2008, o MpD aposta na continuidade, com Augusto
Neves, "ex-número dois" para disputar a mais europeia das cidades cabo-verdianas
com Filomena Martins, uma das quatro mulheres apresentadas pelo PAICV. Desta vez, os independentes são cinco - quatro oriundos da esfera do PAICV e
um da do MpD -, com a particularidade de em São Filipe, no Fogo, Eugénio Veiga,
presidente do município há 21 anos, se apresentar por fora, após a direção do
partido no poder ter apoiado Luís Pires, seu antigo "número dois". A União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), com candidaturas em
quatro municípios, e o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), em dois,
completam o quadro de 56 candidaturas às 22 autarquias, em que o Partido
Social-Democrata (PSD) se autoexcluiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário