Uma sociedade civil
forte jamais permitirá falências às suas instituições. Pelo contrário. É capaz de estimular os seus líderes a serem mais fortes, conferindo-lhes
os necessários meios para que atinjam os seus objectivos. Incentivam-nos a serem
mais e melhores líderes (a serem lideres de todos) facilitando o caminho aos
cidadãos e fazendo com que a burocratica (os políticos e os partidos) se situe sempre entre a «razão da política e racionalidade do poder»,
sempre em prol do interesse coletivo, conferindo-lhes missão. Tudo em prol do bem comum e do povo, fazendo
com que as pessoas se sintam verdadeiramente mais livres, mais iguais em termos
de direitos, mais liberais no acesso aos bens e serviços e mais fraternos e
solidários, em linha com o fim último da política que é servir o povo e não
servir-se dele.
Países, onde a
sociedade civil é forte, exigente, culta e idónea, têm partidos fortes e,
normalmente, têm (também) um quadro partidário estável, democraticamente confrontacionário e bipolar: em França,
Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Portugal, Espanha e América Latina, o
quadro político é confrontacionário mas é também bipolar. Nesses países coexistam sempre dois grandes
partidos. A bipolaridade, consagrada nesses países, reflecte, em certa medida, a soberania do princípio "partidocrático" das medidas e politicas e do seu grau de desenvolvimento e
maturidade, instalados de direita à esquerda, passando pelo centro.
Na Europa
comunitária (mais) e nos Estados Unidos (menos) os pequenos partidos não são proibidos. Pelo contrario. São, muitas vezes, excepções que confirmam a regra em relação a existência de uma certa periferia ideológica de esquerda ou da direita. Estados
Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Holanda etc.. são
exemplos acabados desse paradigma. Nesses países a sociedade civil é culta. Goza da necessária credibilidade e autonomia. É forte e exigente.
Aqui no nosso meio uma
pergunta nos vem à cabeça sempre que se fala dos partidos e da sociedade
civil: a bipolaridade partidária? Que reformas devem ser empreendidas para que
essa bipolaridade, sendo histórica e culturalmente noutras nações um indicador
de qualidade da democracia, possa ser também aqui garantida, desenvolvida e consolidada? Parece
ser, além de saudável desejável que, enquanto país em desenvolvimento, se procurasse,
em Cabo Verde, construir uma realidade partidária bipolar, qualitativamente assumida
entre o PAICV e MPD, pois que aqui os pequenos partidos tendem a dissolver-se e
as grandes contradições que naturalmente estão na sua origem tendem a diluir-se
a favor do estado, que detém os meios e as posses para propor a sua resolução.
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